Um livraço que todo brasileiro deveria ler pelo menos uma vez na vida
Tem livro que a gente termina e pensa: “ok, foi bom”. Um Defeito de Cor não é desses. Esse aqui muda tudo. Te revira, te sacode, te ensina, te emociona. Me atravessou como poucos. Foram quase mil páginas de dor, beleza, revolta, aprendizado. E juro, terminei com a sensação de que li um dos livros mais importantes da minha vida. Sabe quando parece que algo mudou dentro de você? Foi isso.
A história é contada como uma longa carta de Kehinde, uma mulher negra nascida na África e trazida pro Brasil escravizada, para o filho que ela não vê há anos. A escrita é íntima, forte e muito humana. Você sente que está lendo uma história real. E, de certa forma, está mesmo. Porque por mais que seja uma ficção, ela é construída com base em fatos históricos. E o mais absurdo é perceber o quanto desse passado ainda se repete hoje.
Ana Maria Gonçalves não alivia em nada. E ainda bem. Ela escancara a crueldade da escravidão, do racismo, da violência. Mas sem transformar o livro numa cartilha pesada. Pelo contrário. Ela escreve de um jeito envolvente, bonito, até poético às vezes. É impossível não se envolver. Kehinde vira quase uma amiga. Você torce, sofre, vibra junto. E o mais bonito: ela nunca perde a força. Nunca. Mesmo quando parece que não tem mais saída, ela segue.
O livro não é só sobre dor. É também sobre afeto, maternidade, religião, pertencimento. É uma história de resistência, mas também de amor. E é aí que ele pega a gente de vez. Não tem como ler e sair igual. É impossível passar por essa leitura sem se questionar, sem refletir sobre o país que a gente vive, sobre o silêncio que fazem com essa parte da nossa história, sobre tudo o que ainda precisamos encarar.
"Alguns livros atravessam a gente por inteiro. Esse aqui não tem como passar batido."
Me impressionou demais o fato de esse livro não estar em todos os lugares. Por que ele não é leitura obrigatória nas escolas? Por que não está em cada estante desse país? É uma obra-prima. Um daqueles livros que deveriam estar na mesma prateleira de qualquer grande clássico da literatura mundial. E o mais bonito: é nosso. Brasileiro. Negro. Poderoso.
Terminei exausto, sim. Mas também grato. Grato por ter lido, por ter aprendido, por ter sentido. Grato à Ana Maria Gonçalves por ter escrito algo tão grandioso. Esse livro deveria vir com aviso: “você não vai sair ileso”. Mas olha… ainda bem.

Estilo:Romance Histórico
Nota da Leitura:
★ ★ ★ ★ ★
Gostou do livro?
Se for comprar, usa meu link da Amazon. Você não paga nada a mais e ainda ajuda o Cotidiamenidades a seguir firme. Você leva o livro e eu ganho uns trocadinhos pra manter o café e as crônicas em dia.