“As Crônicas de Gelo e Fogo – Livro 4: O Festim dos Corvos”, de George R. R. Martin

Quando a saga desacelera e a burocracia toma conta

Se os livros anteriores foram correria, sangue e caos em ritmo acelerado, O Festim dos Corvos pisa no freio. Martin entrega aqui um volume bem mais político, com foco nos bastidores, nas alianças diplomáticas e nas tramas que se desenrolam longe dos campos de batalha. É quase como se ele dissesse: agora que destruí tudo, vamos ver quem vai sentar na cadeira quebrada.

O problema é que boa parte da galera que faz a coisa andar ficou de fora. Acompanhamos personagens menos carismáticos discutindo estratégias, administrando crises e tentando manter alguma aparência de estabilidade em meio ao caos. A sensação é de estar lendo atas de reunião em vez de uma saga de fantasia épica.

Isso não significa que o livro seja ruim. Ele tem bons momentos, diálogos bem construídos e até reflexões interessantes sobre poder e decadência. Mas exige paciência. É leitura lenta. É como atravessar um pântano de palavras. Você afunda um pouco, depois levanta, depois afunda de novo. Alguns capítulos são ótimos. Outros… não acontecem.

Às vezes, a batalha mais difícil é manter o tédio sob controle.

O ritmo, definitivamente, não ajuda. A escolha de dividir os personagens entre esse livro e o próximo talvez tenha sido necessária, mas tira parte do impacto. Fica faltando algo. Aquela urgência que move a saga dá lugar a uma expectativa mais morna, quase como se estivéssemos entre atos. A impressão geral é de que estamos esperando algo acontecer, o tempo inteiro.

Ainda assim, quem chegou até aqui não vai abandonar o barco. Nem todo capítulo precisa ser explosivo. Às vezes, é importante respirar. O problema é quando a respiração dura quatrocentas páginas. O Festim dos Corvos é um livro de transição. Fundamental para o todo, mas difícil de defender sozinho. E quem leu até o fim, sabe: o cansaço também faz parte da jornada.

Estilo:Fantasia

Nota da Leitura:

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