Um clássico irônico e atual
O Alienista, de Machado de Assis, é aquele tipo de clássico que você entende melhor fora da escola. Quando li na juventude, confesso que achei arrastado, mas agora, relendo com outra cabeça, percebi a genialidade do texto. Machado não só faz uma crítica social com uma ironia deliciosa, como cria uma narrativa que ainda conversa com os absurdos do nosso tempo.
O conto (ou novela) gira em torno de Simão Bacamarte, médico obcecado em entender a mente humana. Ele funda a Casa Verde, um manicômio em Itaguaí, e começa a internar praticamente todo mundo que demonstra qualquer “desvio de comportamento”. O que parece ser ciência vira loucura do próprio cientista.
Quando a normalidade é colocada em xeque
O ponto genial do livro está na dúvida constante: quem realmente é insano? Os que estão na Casa Verde ou o próprio Bacamarte? Machado brinca com esse limite e expõe a arbitrariedade do poder. Quem define o que é “normal”? E até onde alguém pode ir em nome da ciência ou da autoridade?
“Machado consegue rir da seriedade da loucura e mostrar a loucura da seriedade.”
A ironia é a alma do texto. Você ri, mas logo percebe o incômodo por trás. A crítica social é direta e atravessa séculos: abuso de poder, manipulação política, a linha tênue entre autoridade e tirania. É impossível não ler sem pensar em paralelos com líderes e situações atuais.
Além disso, a escrita de Machado é ágil, mesmo sendo do século XIX. Não é um texto pesado, é cheio de diálogos, situações absurdas e um humor que faz a leitura fluir. Reparei que essa leveza é justamente o que me fez gostar tanto nessa releitura.
É um clássico curto, divertido e muito mais atual do que parece. Se na escola foi obrigação, agora é prazer. E para mim fica a lição: alguns clássicos só mostram sua força quando a gente relê sem a pressão de provas e resumos obrigatórios.

Estilo: Clássicos
Nota da Leitura:
★ ★ ★ ★ ★
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