A impressora que nunca queria ser configurada

Quando configurar uma impressora vira ritual de fé e paciência infinita

Ninguém sabe exatamente em que momento a humanidade perdeu o controle sobre as impressoras. Talvez tenha sido quando decidiram que instalar um simples equipamento deveria exigir senha, CD de driver e pacto de sangue. O fato é que configurar uma impressora nunca foi tarefa técnica. É uma prova de fé.

O ritual sempre começa igual. Liga-se o aparelho, conecta-se o cabo e, de repente, a tela anuncia: “nenhuma impressora encontrada”. Repete-se o processo. Nada. A máquina permanece muda, como quem observa o desespero com prazer.

Em seguida vêm as instruções contraditórias. O manual manda apertar dois botões simultâneos que não existem. O site oficial pede para baixar um software que ocupa meio gigabyte. O computador sugere atualizar drivers, mas só oferece arquivos de 2003.

Enquanto isso, a impressora segue impassível. As luzes piscam em padrões indecifráveis, como se fosse comunicar mensagens secretas para outras dimensões. Às vezes imprime uma folha de teste sozinha, apenas para provar que sabe funcionar — só não quer obedecer.

Horas depois, quando o usuário já cogita abandonar a vida digital e voltar para a máquina de escrever, a impressora decide, sem aviso, aceitar o comando. O documento finalmente aparece no papel, como um milagre.

E é nesse momento que a verdade se revela: a impressora nunca foi um periférico. Sempre foi uma divindade caprichosa. E configurar uma divindade nunca é simples.

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