O estranho no familiar
Coraline parece, de início, um conto infantil qualquer: menina curiosa, casa nova, pais ocupados. Mas Neil Gaiman dá aquela virada que só ele sabe: por trás da parede, existe outro mundo, parecido com o real, mas carregado de sutilezas sombrias. A cada página, a sensação é de que algo está errado, mesmo quando tudo parece perfeito.
Não tem excesso de palavras ou descrições. A escrita é enxuta, direta e incrivelmente eficiente em criar um clima de arrepio. A cada detalhe, dos botões no lugar dos olhos até a comida tentadoramente posta na mesa, Gaiman constrói uma atmosfera que mistura fascínio e desconforto.
“Coraline é o tipo de história que prova que o medo pode ser contado com a delicadeza de um sussurro.”
O livro é vendido como infantil, mas não se engane. O medo que ele provoca é universal. Criança teme a perda dos pais. Adulto teme a falsa perfeição que esconde prisões sutis. É uma fábula que fala com qualquer idade, justamente porque o terror não está nos monstros, mas no que eles simbolizam.
No fim, Coraline é Gaiman fazendo o que sabe melhor: transformar o banal em estranho, e o estranho em memorável. É um livro curto, mas que fica ecoando por muito tempo depois da última página. E, claro, uma leitura obrigatória pra quem gosta de fantasia sombria e de contos que parecem simples mas são cheios de camadas.
Estilo: Fantasia
Nota da Leitura:
★ ★ ★ ☆ ☆
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