“Memórias de um Sargento de Milícias” de Manuel Antônio de Almeida

Um clássico que a escola empurrou, mas que a vida adulta resgata

Parece um reencontro com um velho conhecido. Mais um daqueles livros que a escola mandava ler e que muita gente fingia que lia só pra responder à prova. Eu fui um desses. Lembro de ter passado os olhos nas páginas de Memórias de um Sargento de Milícias, mas sem absorver nada. A culpa era minha? Era do professor? Do sistema educacional? Vai saber. O que sei é que agora, com um pouco mais de vivência e menos obrigação, reler esse clássico foi um baita presente.

O livro de Manuel Antônio de Almeida é, acima de tudo, uma crônica debochada do Brasil do século XIX. Um romance que não quer parecer romance, que não tem herói, não tem grandes feitos, e justamente por isso, funciona tão bem. A vida de Leonardo, o anti-herói preguiçoso, malandro e carismático, escancara um Brasil de jeitinho, trambiques e espertezas. E isso tudo é contado com uma leveza que a gente definitivamente não valoriza quando tem 13 anos e está sendo forçado a grifar palavras difíceis no dicionário.

O valor da releitura adulta

Reler esse livro agora, com a cabeça de adulto e sem ninguém pedindo resumo de capítulo, foi uma experiência completamente diferente. O que antes parecia só mais um “livro velho da escola”, agora se revela uma obra cheia de ironias, humor sutil e crítica social travestida de comédia. É impressionante como, mesmo sendo escrito em 1852, ele continua atual em vários aspectos.

A forma como o autor descreve os personagens com pitadas de sarcasmo, como narra os bastidores da sociedade com um olhar esperto e até malicioso, me fez dar boas risadas em vários trechos. E mais do que isso: me fez admirar a construção da narrativa. Simples, direta, sem rodeios. Parece até que ele já estava prevendo que o Brasil teria sérios problemas com enrolação no futuro.

"Um clássico que merece nova chance."

Se você, como eu, também teve ranço de livros da escola e nunca mais olhou para eles com carinho, talvez valha a pena dar uma nova chance. Memórias de um Sargento de Milícias é o tipo de leitura que prova que o problema nunca foi o livro. A gente só não estava pronto pra ele.

Essa releitura reforçou ainda mais minha vontade de revisitar outras obras que foram injustiçadas pelo trauma escolar. Porque quando a gente lê sem obrigação, com liberdade e sem medo de errar a interpretação, a literatura se abre de um jeito completamente diferente.

Estilo: Literatura Nacional

Nota da Leitura:

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