O computador que sempre escolhia a pior hora para se atualizar

Quando a barra de progresso vira instrumento de tortura psicológica

Era sempre assim: no momento exato em que alguém precisava dele, o computador decidia que era hora de se reinventar.

Se o prazo estava estourando, ele congelava e exibia a frase “configurando atualizações, não desligue.” Se a reunião já tinha começado, ele escolhia instalar pacotes de segurança que pareciam mais longos que a própria reunião. Se o e-mail era urgente, vinha a contagem regressiva para reiniciar.

As atualizações nunca obedeciam à lógica. A barra de progresso avançava até 87% e voltava para 42, como se tivesse desistido no meio do caminho. Às vezes passava dez minutos parada em 1%, só para, de repente, pular para 99% e travar de novo. Era uma coreografia cruel de esperança e frustração.

Enquanto isso, o dono do computador observava impotente. Tentava negociar, implorava mentalmente, jurava limpar os arquivos antigos, prometia nunca mais abrir tantas abas ao mesmo tempo. Nada adiantava. O computador tinha sua própria agenda espiritual.

E, no final, quando a tela finalmente voltava à vida, não havia nenhuma diferença perceptível. Os ícones estavam nos mesmos lugares, os erros continuavam os mesmos, a lentidão permanecia intacta.

A única novidade era a sensação de que, mais uma vez, o computador tinha vencido.

Essa história te pegou de algum jeito?

Espalha a palavra, vai. O Cotidiamenidades precisa de leitores fiéis, curiosos e ligeiramente esquisitos. Igual você. Compartilha com amor (ou ironia).

Deixe seu comentário