Quando o invisível não encanta
"Não era o fato de estar invisível que o tornava perigoso. Era o que ele escolhia fazer com isso."
A expectativa de um clássico
Todo mundo fala de H. G. Wells como um gênio da ficção científica, e com razão. Mas confesso que O homem invisível não foi uma leitura que me fisgou tão facilmente. A proposta é, claro, incrível: um cientista consegue se tornar invisível e a partir disso o caos começa. Mas foi justamente esse começo que me deu trabalho. A leitura só me prendeu de verdade no último terço do livro. Antes disso, tudo parecia se arrastar.
Não sei se foi a tradução, o ritmo, ou o tipo de narrativa, mas demorei para me conectar com a história. Os personagens não me cativaram e a construção da tensão às vezes parecia girar em círculos. A ideia do invisível é brilhante, mas a execução me soou um pouco fria. E mesmo quando a trama finalmente engata, o final decepciona.
Um final sem brilho
Quando cheguei ao último capítulo, a expectativa era de uma grande virada ou alguma reflexão marcante. Mas nada disso veio. Achei o desfecho previsível e até meio enfadonho. Aquele tipo de final que você lê e pensa “só isso?”. Claro que faço uma ressalva: o livro é de 1897 e rompeu com várias convenções da época. Mas, lendo hoje, me parece mais uma boa ideia do que uma boa execução.
Ainda assim, entendo completamente por que essa obra é tida como um clássico. A temática da invisibilidade não como poder, mas como maldição, é atemporal. O livro levanta questões sobre ética, poder e responsabilidade que continuam super atuais. Mesmo não curtindo tanto, reconheço sua importância.
Nem todo clássico é para todo mundo, né? Talvez o maior problema seja justamente esse: a expectativa. Quando você parte para um clássico esperando ser arrebatado e não é, a frustração vem forte. O homem invisível não é um livro ruim, mas foi, provavelmente, o clássico de ficção científica de que menos gostei até agora. E tudo bem. Faz parte da jornada literária.
A experiência valeu pela discussão que o livro provoca. O que você faria se ninguém pudesse te ver? Até onde iríamos se não houvesse limites visíveis para nossas ações? Wells planta essas dúvidas com maestria. Pena que, para mim, o terreno estava meio seco.

Estilo: Ficção Cientíífica
Nota da Leitura:
★ ★ ★ ☆ ☆
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