“O Som e a Fúria”, de William Faulkner

Um mergulho doloroso na desordem humana

Demorei pra terminar O Som e a Fúria. E não foi só porque o livro é denso, mas porque ele realmente bagunça a cabeça. Faulkner parece escrever de propósito pra confundir a gente. Mistura tudo: passado com presente, pensamento com fala, realidade com lembrança. E o pior (ou melhor) é que isso faz sentido. O livro é uma confusão porque os personagens também são. Quando entendi isso, tudo passou a fazer mais sentido. Ou quase.

 

O começo é difícil demais. O Benjy narra do jeito dele, e a gente que lute pra entender. E aí vem os outros irmãos, cada um com a sua voz, cada um mais atormentado que o outro. É triste, é carregado, é desorganizado. Mas também é brilhante. Faulkner joga a gente dentro do caos e espera que a gente sinta, sem explicação mastigada. Tem que aceitar o mergulho, mesmo sem saber onde está o fundo.

 

O que mais ficou comigo foi o peso da decadência. A família toda desmorona aos poucos, e o livro não dá alívio nenhum. Não tem redenção, não tem trégua. É só queda. E mesmo assim, tem algo bonito na forma como tudo é contado. Meio poético, meio bruto. Parece que Faulkner quis mostrar que a dor não vem organizada, então a narrativa também não vai ser. E funcionou.

"O caos da narrativa é o reflexo direto do caos dos personagens."

Não é um livro fácil, não é uma leitura pra qualquer momento. Precisa de fôlego, paciência e vontade de se perder. Mas quando a gente entra no ritmo, entende que é justamente essa bagunça que dá sentido. Terminei o livro com a sensação de ter atravessado um turbilhão. Não entendi tudo, e nem era pra entender tudo, não. Tem livro que é mais pra sentir do que pra decifrar. E esse aqui é exatamente isso.

Estilo: Romance

Nota da Leitura:

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